sexta-feira, 30 de julho de 2010

Destino insólito






dancing with myself.








Lá pelas cinco da tarde de domingo - horário que normalmente eles gostavam de deitar na rede da varanda ou costumavam ir ao cinema - ela se sentiu sufocada numa saudade que doía como leve picadas de agulha pelo seu corpo inteiro. ela se sentia trêmula salivando os beijos dele e mordia os lábios pra não chorar. ela nunca imaginou que dessa vez a saudade fosse causar tantos estragos. a verdade é que ela não aguentava mais a conciência de sua fraqueza diante desse amor. deitada encolhida no sofá da sala, ela pensava a cada agulhada de dor: 'será que morrer de amor é apenas uma licença poética?'

e buscando qualquer forma de cessar essa dor ela resolveu colocar um disco que não lembrasse ele, então quem sabe a dor diminuísse. ela colocou um disco que ganhou de seus pais. - Os Doces Bárbaros - e com um gosto salgado de lágrimas na boca, ela fechou os olhos e dançou. e assim sua tristeza transbordou em música até a noite chegar.
dançar era algo que a deixava feliz.

ela preferia dançar, pois era orgulhosa demais pra telefonar e dizer pra ele que se arrependeu. o que ela não sabia é que ele também estava no limite insuportável da dor. durante todos aqueles dias sem ela ele só sentia na boca o gosto de cerveja, cigarro e café. e ele não permitia a si mesmo mais um amanhã sem sua menina dos olhos. então tirou de si o orgulho, respirou fundo, e abraçado pela saudade foi atrás dela. ele ainda tinha as chaves do apartamento, e quando chegou sentiu um frio no estômago, um medo incompreensível de ser enxotado porta a fora por ela. quando abriu lentamente a porta, e a viu girando e cantando como se estivesse feliz em estar sem o abrigo dos braços dele, ele quis chorar de raiva por ter acreditado que eles aindam podiam ser dois, só que antes que ele fosse embora ela sentiu a brisa entrando pela porta, e foi quando ela percebeu uma presença e intorrompeu a dança, e como era de se esperar, quando eles se viram seus olhares se fitaram e mal puderam se conter. choraram por fora, e sorriram por dentro. eles tinham um imã inserido no coração, e ainda sem sair do lugar ambos pensaram no quanto se subestimaram achando que podiam viver longe um do outro.

eles se aproximaram e sem dizer nada, se abraçaram numa tentativa de não se desatrelarem nunca mais. eles se tocaram numa harmonia perfeita e se beijaram com uma força como se disessem: 'não vamos mais desistir'. o tesão efervecia a cada beijo e com a pressa de quem ama, num movimento louco de mãos e pernas, se jogaram no chão da sala. seus corpos suavam entre beijos sem respiração. ele tirou o vestido dela como se fosse uma criança desembrulhando um presente, e beijou-a centimetro por centimetro. beijou os sinais espalhados estratetagicamente pelo corpo dela, beijou vértebra por vetébra, pernas, barriga, até chegar nos seios, que ele adorava porque cabiam perfeitamente em suas mãos. à medida que ele a beijava ela respondia com vibrações em cada polegada de sua pele. ela inteira ressoava por dentro e se contorcia por fora de tesão por ele. ele respirava tão ofegante e seu coração batia tão acelerado que se ela tomasse seu pulso ela sentiria o sangue circulando nas veias. eles sucumbiram as todas as perversões dos amantes, e fizeram amor nunca tinham feito antes. eles renasceram ali com uma intensidade e felicidade que nem eles conheciam e se lançaram novamente na loucura de um amor descomedido.


então ele, depois do gozo, beijou cada pálpebra dos olhos dela e disse:- 'eu sempre vou te amar'. ela indagou ainda com os olhos fechados "dessa vez é pra sempre?" e ele respondeu com um sorriso amável "nunca deixou de ser" e se acomodaram um nos braços do outro.

E com um sorriso de rendição no rosto, depois de um beijo breve e carinhoso, se abraçaram forte e logo em seguida dormiram com aquela sensação gostosa de ter encontrado o caminho de volta pra casa.



'Cause you are by far my favourite and I've been thinking it's about time that you knew . That you are by far my favourite and I hope that I'm by far your favourite too.'
-
Sophie Madeleine


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