sexta-feira, 30 de julho de 2010

Meninisse


Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão.
- Toquinho



lembro do meu primeiro amor. eu devia ter uns doze anos. ele morava na rua atrás da rua da minha avó. ele era mais velho - tinha treze anos - e namoramos escondido por um mês. até que o amor de juras eternas acabou. devemos ter nos beijado cinco vezes, no máximo. mas eu tinha certeza que seríamos felizes para todo o sempre. ever. eu como sempre, dotada de muito otimismo. por ser assim, perdi as contas de quantas vezes meu travesseiro foi encharcado por lágrimas. foram tantos laços invisíveis que se desataram e tantos discos furados na mesma música, que eu deveria ter o coração fechado por toda a eternidade. mas não, eu sempre ia aos prantos na lata de lixo, pegava meus cacos, e juntava. tal qual uma criança, que a mãe diz 'não ponha o dedo na tomada de novo que dá choque'. e vocês sabem como são as crianças. sempre me senti um apelo sentimental ambulante. toda cheia de hipérboles. depois que cresci e virei moça esse adjetivo mudou. agora me chamam de filha da puta manipuladora de sentimentos. quem me dera! - eu apenas sei fingir desinteresse quando me é conveniente [pra fazer charme] - continuo a mesma sentimental que usa o amor como desculpa pra tudo. alego sempre insanidade e sempre coloco a culpa no bendito amor. especialmente quando torno público amores que deveriam ser clandestinos. eu tenho a síndrome de Scarlett O'hara. de todas as minhas caracteristicas, essa é a mais evidente - mania de transformar tudo num amor-drama cinematográfico - sem esquecer a minha maluquice e meus rompantes, que são intrísecos à minha pessoa. exigo do meu miocárdio um trabalho escravo árduo. até que tento ser racional, mas daí me perco tentando transformar tudo em poesia, tentando transformar o tédio em melodia. e por ser assim eu fui eleita a personal-amiga-levanta-auto-estima-tabajara. talvez por manter sempre a euforia e as luzes frenéticas no meu olhar. por não ter medo de viver por um triz. por ser aquela-menina-que-sorri-à-toa, apesar dos crimes atrozes que cometeram com meus sentimentos. por ter sempre motivos para sorrir, mesmo tendo se apaixonado torridamente e se enfiado de cabeça em relações fadadas ao fracasso, e que naturalmente, tiveram seu triste fim. apesar de todas as lágrimas derramadas e todos os fins, eu continuo a esperar que a vida sorria pra mim, mesmo que seja num fututo longínquo - eu como sempre, certa de que dias melhores virão...eu quero mesmo é ser bem-amada. porquê ainda que eu falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.

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